segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Traz-me

Traz-me a noite em tuas mãos, entre os teus dedos
e o sopro da vida nas entranhas dos teus medos.
Traz-me a manhã no teu ventre, o sol no teu olhar
e as sombras do momento a cada novo respirar.
Traz-me os sonhos daqueles que daqui já parturam
e as lágrimas dos poetas que um dia combaliram.
Traz-me a luz da loucura, o bafo das madrugadas
e os gritos das almas que por ai andam assustadas.
Traz-me o chão, traz-me a terra que todos pisaram
e o calor de um corpo que já todos rejeitaram.
Traz-me a palavra, traz-me a voz que oiço agora
para me consolar na trsiteza desta hora...
Traz-me o tempo que já passou, o meu passado
e todos os beijos que guardei para este Fado.
Traz-me o silêncio dos ventos e os braços do mar
e todos os sonetos que nunca ousaste declamar.
Traz-me outro céu em tons de azul, esbranquiçado
e outro Espírito que não esteja tão cansado.
Traz-me o sal das planícies, a palidez desses caminhos
e as Almas daqueles que partiram tão sozinhos.
Traz-me o sangue dessa carta e o lacre dessas veias
e todas as poesias que encontraste nessas teias.
Traz-me o suor das Quimeras, o trilho das aguarelas
e os amantes que partiram nas malditas caravelas.
Traz-me a espuma do Norte e os fantasmas da cidade
e a promessa de te amar na eternidade.

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