segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Doem-me as mãos

Doem-me as mãos do vazio que é a minha alma
de tanto apertar a solidão e o amor que não existe
de tanto segurar aqueles abraços suados de calma
e as lágrimas que chorei e nunca viste...

O céu de outro lugar

Esperei encontrar o céu de outro lugar
neste céu de ninguém, neste que vês
mas, só vejo o mesmo sol, o mesmo luar,
as mesmas almas que procuram os porquês
para as suas vidas que se foram, talvez...


Oiço neste céu aquele mesmo soluçar
daqueles que partiram, um, dois, três...
São tantos ... nem os ouso sequer contar
E todos me procuram um de cada vez
e depois lá seguem com a mesma rapidez.


Eles andam ai... eu vejo-os todos chegar
estonteados, confusos e com certa palidez
e procuram respostas que não sei dar
e porque não acreditas em mim, porque não crês
que as almas andam aí, porque não vês?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nós

Nós juntas
Quem somos?
O que pensamos?
O que sonhamos?
O que queremos?
Diz-me, amiga,
Nós quem seremos?
O mar, as estrelas,
O luar, o vazio
Ou simplesmente nós?
Seremos a maré,
O céu cinzento,
O pior tormento
Ou o que não é?
Tu és a nuvem,
Eu a tua sombra
Eu sou o além
Tu o medo que assombra.
Somos nós...
O ecoar de um trovão
Eu e tu, nós,
O sol da escuridão.

Novembro resfriado

Estamos em pleno Outono resfriado
e só agora a chuva sussurrou
ao ouvido do castanheiro emproado
as palavras que o vento recitou.


E eis que surge urgindo a tempestade
agoirando uma longa noite de maldição
ordenando às chuvas ferocidade
e aos ventos maldade e punição.


E eis que alguém ao meu lado
atiça com lenha a fogueira
e ensopa o meu corpo encharcado
em pleno Novembro resfriado.

Orvalho na vidraça

Há manhãs como esta
em que o orvalho escreve
palavras na vidraça.

Há manhãs supremas
nascidas a poente
que trazem fragilmente
o orvalho nos sopros.

Há auroras que trazem orvalho
e folhas secas de um carvalho
que fazem cócegas na vidraça.